quarta-feira, 5 de junho de 2013

EVOLUÇÃO DA MEDICINA



Quando criança, era comum os médicos de família onde as consultas eram feitas em seu domicilio.Em Campinas era o Dr Laroca que só prescrevia injeções doloridas com seringas de vidro,fervidas em água na propria embalagem de vidro,aplicadas com agulhas rombudas afiadas em pedra lisa. Precisavam de 6 pessoas para me segurar, até os padeiros da padaria de meu pai vinham ajudar e se deixassem minha perna solta eu chutava a seringa e quebrava tudo.De franzino virava um leão mas por pouco tempo pois meu pai já chegava de cinta na mão, amaciava minha bunda na base da cinta o que facilitava a aplicação da injeção.Bons tempos aqueles onde se tomava injeção e ganhava uma surra de brinde.Quando mudamos para Catanduva, nosso médico de família era o Dr Cardarelli, tipo bonachão, boa conversa, prestativo, mas que também adorava uma injeção,daquelas oleosas, apimentadas,mas já aceitava com resignação pois era comum na época escutar, “Se não se comportar vai tomar injeção.
Desta fase esqueci mas daquela medicina feita com amor e ética é que persistem em minha mente e minha conduta até os dias atuais.Não cobravam além do que podia se pagar, não cobravam de quem não podia, por ética não cobravam consultas de colegas médicos e seus filhos, daí o respeito e o reconhecimento da população por estes abnegados profissionais que por  seu comportamento inspiraram muitos jovens a trilhar esta maravilhosa profissão de amor e fraternidade com o próximo. Em minha formação médica, iniciada em fase um pouco avançada para época, pois era casado e com filhos quando entrei na faculdade, e por ser o aluno de mais idade na escola era carinhosamente chamado de Vô sempre trouxe comigo a educação que recebi de meus pais e dos antigos mestres que passaram por minha vida.Tinha como conduta médica como Ortopedista por 25 anos nunca cobrar honorários de crianças que eram revertidos para instituições carentes, bem como todas quartas feira do mês, o faturamento de minha clinica tinha a mesma destinação e o que alegrava é que de quarta feira era sempre o dia de maior movimento de consulta particular comparado aos outros dias da semana.Mas sempre recebi o de justo e necessário quando precisei.
Como não há bem eu persiste tivemos a infelicidade do Governo iniciar o controle da Saúde no país,assessorados por maus políticos, corruptos, se iniciou um processo de sucateamento dos hospitais, repassando verbas insignificantes, atrasando pagamentos de desvalorizando os procedimentos médicos, mal que se acentua nos dias de hoje.Por interesses eleitoreiros de se perpetuarem no poder, manipulam a Midia corrompida para denegrirem a imagem do médico tentando imputar a ele a culpa da sua própria incompetência da falta de investimento no setor, investimentos  gastos com perdões de dividas de outros países, empréstimos a países de mesma ideologia política, construção de estádios de futebol, enquanto brasileiros morrem nos corredores de hospitais por falta de leitos.Perderam o pudor diante de um povo omisso que acredita que importar pseudo médicos irá resolver o problema da saúde em local que não existe água potável, rede de esgoto, medicamentos e nem estradas para se chegar lá, onde seu povo já e gado marcado com cartão de Bolsa Família.A saúde atual está agonizando na UTI há muito tempo sem que nenhum governante Federal , Estadual ou Municipal faça algo para reverter este processo.Morrem hoje mais brasileiros que as guerras na Síria .Se os governos criassem vergonha e investissem na saúde, valorizando seus profissionais não faltariam médicos para trabalhar, nem mais precisariam arrumar vários empregos para poder ter um salário mais decente, além de recolher altos impostos, são desvalorizados, desmotivados, sem estabilidade, sem plano de cargo e salário,dificuldade para se atualizarem, todos nivelados por baixo durante muitos anos,cobrados pela população manipulados por uma mídia pelas mazelas da saúde da qual são vitimas. Medicina é artigo de luxo hoje para quem pode pagar aos médicos engravatados com roupas brancas impecaveis em suntuosos consultórios e hospitais, vivendo um mundo a parte da realidade de nosso país.
Vou continuar fazendo minha parte com muita frustração, de não mais poder exercer a medicina como antigamente, mas procurando dar de melhor o que tenho nas mãos, e continuar como os velhos mestres do passado a dar carinho, respeito e esperança para um povo sofrido e tratado como gado pelos governantes deste país.

terça-feira, 28 de maio de 2013

AMIGO DE INFANCIA







NAQUELE  TEMPO POUCO SABIAMOS SOBRE O TEMPO MAIS ELE SABIA MUITO SOBRE NÓS CHEGANDO A CATANDUVA VINDO DE CAMPINAS FOMOS MORAR NA RUA PARÁ ESQUINA COM A SERGIPE, A UM QUADRA DE ONDE MEU PAI TINHA A PARARIA REGENCIA.ESTAVA MATRICULADO NA ESCOLA BARÃO DO RIO BRANCO DE EXCELENTE PADRÃO COMO TODAS ESCOLAS PUBLICAS DA ÉPOCA.LOGO AS AMIZADES SE INICIARAM.ABAIXO DE CASA DESCENDO A RUA AMAZONAS DEFRONTE AO FORUM DA CIDADE EXISTIA UMA CASA SIMPLES EM SEU EXTERIOR MAS QUE INTERNAMENTE GUARDAVA UM TESOURO MUITO RARO DE NOMES ABDO E LEONOR PAIS DE MEU AMIGO JOSÉ ALFREDO, PARA MIM CARINHOSAMENTE APENAS ZÉ.TODOS TINHAMOS APELIDOS E NÃO ERAMOS CHAMADOS PELO NOME, ME CHAMAVAM DE ALEMÃO POR SER BRANQUELO E LOIRO.ÉRAMOS FELIZES POIS EM CADA AMIGO EXISTIA UMA GRANDE FAMILIA ONDE CADA AMIGO ERA TRATADO COMO FILHO.
QUANDO IA ESTUDAR AS TARDES NA CASA DO ZÉ JÁ ERA RECEBIDO COM UM BEIJO CARINHOSO POR DONA LEONOR QUE TRANSMITIA AMOR INCONDICIONAL DE MÃE ZELOSA E PRESTATIVA E SEMPRE NOS FINAIS DA TARDE NOS PREPARAVA UMA IGUARIA QUE NUNCA MAIS COMI EM LUGAR NENHUM ,INSUBSTITUÍVEL, A DELICIOSA COALHADA EM BOLAS QUE FICAVAM GUARDADAS DENTRO DE UM GRANDE FRASCO DE VIDRO CONSERVADA EM AZEITE PURO DE OLIVA.O PÃO ERA CASEIRO FEITO POR ELA O QUE ABRILHANTAVA MAIS AQUELE EVENTO MAGICO PARA NÓS.ZÉ ERA EXCELENTE INSTRUMENTISTA E TOCAVA PARA NÓS MUSICAS  EM SEU ACORDEÃO.DONA LEONOR FICAVA OUVINDO SUAS MUSICA E VIA EM SEU OLHAR O SEU ORGULHO PELO FILHO QUERIDO.SEU ABDO DURANE O DIA TRABALHAVA DE ENFERMEIRO DOMICILIAR VISITANDO DOENTES LEVANDO ALÉM DE SEU OFICIO SEMPRE UMA PALAVRA DE ESPERANÇA E FÉ.QUANDO CHEGAVA EM CASA NOS BRINDAVA  COM MUITA ALEGRIA E SENTAVA AO NOSSO LADO PARA OUVIR O ZÉ TOCAR E TODOS NÓS FORMÁVAMOS UMA NOVA FAMÍLIA.ERA UMA LAR FELIZ,LÁ ME SENTIA QUERIDO E NOSSOS PAIS FICAVAM TRANQUILOS POIS SABÍAMOS ONDE ESTÁVAMOS, QUEM ERAM NOSSOS AMIGOS E  EM CADA CASA QUE FOSSEMOS SERIAMOS TRATADOS COMO FILHOS.O TEMPO FOI PASSANDO E NOSSOS CAMINHOS SEGUINDO RUMOS DIFERENTES. FOMOS FAZER FACULDADE EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO,ZÉ NA ÁREA DE DIREITO E EU ECONOMIA.SAIAMOS TODAS AS TARDES DE ÔNIBUS FRETADOS PELOS ESTUDANTES E VOLTAMOS NO INICIO DA MADRUGADA, ISTO POR VÁRIOS ANOS,SEMPRE JUNTOS.ZÉ PERMANECEU EM CATANDUVA E EU FUI PARA SÃO PAULO CONTINUAR MINHA VIDA MAS A AMIZADE CONTINUA INABALÁVEL DESDE OS TEMPOS DE INFÂNCIA E CADA UM NO SEU INTIMO TORCENDO PELO SUCESSO UM DO OUTRO, COMO ACONTECE ATÉ HOJE.SEMPRE SERÁ MEU QUERIDO AMIGO ZÉ DA INFÂNCIA. INDEPENDENTE DOS CARGOS QUE OCUPAMOS HOJE , SEMPRE EXISTIRÁ A MARAVILHOSA RECORDAÇÃO DO CARINHO DE DONA LEONOR E ABDO, DO SOM DE SEU ACORDEÃO, DA COALHADA E DE TANTAS ESTÓRIAS DE NOSSA QUERIDA INFÂNCIA E MOCIDADE.
AMIGO ZÉ, CONTINUAS  GUARDADO DO LADO ESQUERDO DO MEU PEITO.

domingo, 16 de dezembro de 2012

TROMBADA COM A POLICIA



Este fato se passou na minha  querida Catanduva há 50 anos atrás ainda quando  muitos de vocês  nem tinham nascido.O Hotel Acácio era considerado pelos viajantes da época o melhor da cidade pelo atendimento e pela deliciosa comida que fornecia, inclusive a famosa bacalhoada de toda sexta feira, onde vinham pessoas da cidade para se deliciar desta famosa iguaria.Sob o comando dos queridos Amadeu e Marizete mantinham a tradição de muitos anos.Carlos Eduardo e eu na época ainda fazíamos cientifico no Barão e era comum eu passar boa parte de meu tempo no hotel ,não só, pela amizade que nos unia mas para filar uma boia e para estudar pois era muito querido pela família Santos.Aconteceu que numa noite estávamos estudando até tarde no hotel e deu fome e não tinha nada para se comer pois a cozinha já estava fechada e Carlão resolveu pegar o Sinca de seu Amadeu e fomos até a padaria Belem comprar pão para fazer uma lanche.O dia estava com uma chuva fina e naquele tempo a Rua Pará descia e a Delegacia de policia era na Rua Amazonas no final da Rua Alagoas tendo como delegado o Sr.Emilio Poloni.Voltando ao fato, ao descermos a Rua Pará, bem na esquina da Rua Alagoas eis que surge o jeep da policia com o delegado dentro para cruzar nossa frente no sentido da delegacia, e por ser de madrugada ninguém prestou atenção devida e a batida foi inevitável e o jeep ficou prensado na árvore com o delegado dentro.Confusão armada, ninguém habilitado do lado de cá, “di menor”, e o delegado do lado de lá.Desceu furioso do jeep de revolver na mão já perguntado quem eram nossos pais.Carlão logo respondeu ser filho do seu Amadeu do Hotel Acácio e eu do seu Vicente da Padaria Regência.Foi nossa sorte pois eram locais que ele frequentava na sexta feira para comer a bacalhoada do hotel e na padaria gostava de passar para comprar paes e doces e tomar um choop.Pelo radio da viatura mandou chamar seu Amadeu no local para conversar.Isto tudo acontecendo na esquina de baixo de minha casa.Com a chegada de seu Amadeu comprovamos nosso álibi e mostramos os pães que ainda estavam no banco traseiro do carro.Seu Amadeu com aquela calma e educação se prontificou em mandar arrumar o jeep e tudo ficou acertado sem maiores consequências. Naquela noite nem fui dormir indo direto para a padaria pois tinha que ir fazer a entrega do pão da madrugada com nossa Kombi que eu dirigia. Bons tempos.Queridos Amadeu e Marizete vocês serão eternos em meu coração.Agradeço a Deus poder ter convivido com vocês.

domingo, 2 de dezembro de 2012

ROTEIRO DA SAUDADE


Naquela dia levantei disposto a percorrer caminhos de minha infância na cidade de Campinas.Após tantos anos resolvi voltar mesmo que por poucas horas aos meus locais de criança, de tantas brincadeiras e artes da idade.Fui direto para Rua Senador Saraiva, em seu primeiro quarteirão onde morei e que foi o único que sobrou com a construção do novo viaduto que foi construído na região.Parei diante de minha casa onde morei e passei dias felizes,já não existe mais, foi demolida e apenas preservaram sua base de pedras vermelhas da parte inferior da fachada e funciona hoje um estacionamento para  carros.Entrei e fui até os fundos do terreno onde existiam o pomar e para minha alegria algumas arvores ainda estavam lá:o imponente abacateiro, minha mangueira de tantas artes, o caquizeiro e num gesto simbólico de gratidão abracei a cada uma delas como se encontra um amigo querido após tantos anos.A rua permanece parada no tempo, suas casas simples com janelas e portas de madeira voltadas para a calçada, sem garagem, permanecem altaneiras, testemunhando uma época e uma geração de pessoas que por ali passaram. Sentei na calçada bem ao lado do poste e um filme começou a passar em minha mente onde durante a noite nos reunimos os amigos para contar estórias,ouvir as novidades e planejar as brincadeiras pois era uma época que a rua era a área de lazer pois não existia televisão, jogos eletrônicos,mas importante é  que existiam pessoas, amizades, fraternidade e muita união entre os moradores do quarteirão.No fundo era como se todos fossem da mesma família.Difícil não se emocionar ao relembrar no local tudo que ali passou.Desci a pé a rua e parei no parquinho construído ao lado do pontilhão, local onde no passado foi a padaria de meu pai e onde nasci e passei parte de minha infância e como nós tantas outras famílias foram desalojadas para dar lugar ao progresso, cada um tomando rumos diferentes de local e vida.Seguindo minha jornada parei defronte minha escola, coração bateu mais forte ao entrar no antigo mas imponente prédio da famosa Escola Rio Branco, antiga Escola Alemã o passado se tornou presente, me vi criança subindo pela primeira vez aquelas escadas para me tornar um cidadão, para receber uma luz que me tiraria das trevas da ignorância.Fui ate a sala da diretoria para pedir autorização para percorrer a escola e para minha surpresa la´estava ela, minha antiga professora Lydia , filha do meu grande mestre Carlos que me alfabetizou.Ao dizer meu nome um abraço forte selou tantos anos passados e as lagrimas se fizeram presente após tantos anos.Me levou em todas as salas de aula me apresentando como ex aluno que um dia também sentou naquelas cadeiras e como homenagem as crianças cantaram algumas canções em português e alemão.Foi um dia para nunca mais ser esquecido, pois por mais experiências que a vida nos ensina e vivenciamos nunca podemos deixar de lembrar e orgulharmos de nossas origens.Com satisfação e orgulho com certeza posso dizer que tive uma infância feliz e procuro passar isto para meus netos agora e para que no futuro quando não mais  aqui estiver  eles possam ler minhas historias e conhecer realmente como viveu seu avô.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MINHA MAE


Difícil falar de mãe pois por mais palavras que tenta encontrar para falar sobre ela nunca encontrará todas que a completem.Minha mãe era linda, clara de olhos claros, meiga e de uma bondade com carinho constante para toda sua família.Filha de família numerosa criada em zona rural na cidade de Souzas fez como a maioria de sua época ensino fundamental mas a educação recebida e seu caráter a transformou em uma mulher de muita fibra, dedicada a família e tinha sempre uma palavra amiga e carinhosa para convencer as pessoas.Me lembro pequeno, arteiro, que gostava de brincar na rua como toda criança da época sempre voltava muito sujo para casa e ela com toda paciência, no banho me dava conselhos de comportamento e da importância de ser educado com as pessoas.Sem duvida era a criança mais arteira do quarteirão, mas sentia ser muito querido pois tratava a todos com muita educação.As reclamações que chegavam em casa era sempre por arte e nunca por faltar a educação com alguém e era isto que a diferenciava.Nunca recebia castigo ou mesmo palmadas mas com muita conversa conseguia me dominar e estava sempre me defendendo quando as situações ficavam mais aflitivas.Mesmo não tendo oportunidade de estudar orientava os filhos que este era o caminho para poder mudar de vida, e escolher seu futuro.Acompanhava meus estudos e mesmo quando as notas não vinham de acordo sempre tinha uma palavra de incentivo e conseguia falar pouco nas horas certas.Quando moço sentia seu orgulho em saber que estava conseguindo atingir meus sonhos mesmo aflita não transparecia quando segui a carreira de Piloto Agrícola.Acho que suas preces de mãe sempre me protegeram.Quando depois de muitos anos  resolvi mudar o rumo de minha vida estava lá ela mais uma vez me incentivando e seu orgulho foi enorme quando ingressei na Faculdade de Medicina.Não esquecerei nunca de seu sorriso e de abraço no dia de minha formatura e suas presença na festa de formatura, mesmo já com inicio de problemas de saúde era a mais bela do Baile.Foi a ultima vez que vi meus pais dançarem juntos com tanta felicidade
Na data de hoje, alguns anos atrás ela se foi, deixando um vazio imenso, saudade eterna e uma lição de vida.Obrigado meu Deus por ter me enviado ela como minha mãe.
Obrigado