domingo, 16 de dezembro de 2012

TROMBADA COM A POLICIA



Este fato se passou na minha  querida Catanduva há 50 anos atrás ainda quando  muitos de vocês  nem tinham nascido.O Hotel Acácio era considerado pelos viajantes da época o melhor da cidade pelo atendimento e pela deliciosa comida que fornecia, inclusive a famosa bacalhoada de toda sexta feira, onde vinham pessoas da cidade para se deliciar desta famosa iguaria.Sob o comando dos queridos Amadeu e Marizete mantinham a tradição de muitos anos.Carlos Eduardo e eu na época ainda fazíamos cientifico no Barão e era comum eu passar boa parte de meu tempo no hotel ,não só, pela amizade que nos unia mas para filar uma boia e para estudar pois era muito querido pela família Santos.Aconteceu que numa noite estávamos estudando até tarde no hotel e deu fome e não tinha nada para se comer pois a cozinha já estava fechada e Carlão resolveu pegar o Sinca de seu Amadeu e fomos até a padaria Belem comprar pão para fazer uma lanche.O dia estava com uma chuva fina e naquele tempo a Rua Pará descia e a Delegacia de policia era na Rua Amazonas no final da Rua Alagoas tendo como delegado o Sr.Emilio Poloni.Voltando ao fato, ao descermos a Rua Pará, bem na esquina da Rua Alagoas eis que surge o jeep da policia com o delegado dentro para cruzar nossa frente no sentido da delegacia, e por ser de madrugada ninguém prestou atenção devida e a batida foi inevitável e o jeep ficou prensado na árvore com o delegado dentro.Confusão armada, ninguém habilitado do lado de cá, “di menor”, e o delegado do lado de lá.Desceu furioso do jeep de revolver na mão já perguntado quem eram nossos pais.Carlão logo respondeu ser filho do seu Amadeu do Hotel Acácio e eu do seu Vicente da Padaria Regência.Foi nossa sorte pois eram locais que ele frequentava na sexta feira para comer a bacalhoada do hotel e na padaria gostava de passar para comprar paes e doces e tomar um choop.Pelo radio da viatura mandou chamar seu Amadeu no local para conversar.Isto tudo acontecendo na esquina de baixo de minha casa.Com a chegada de seu Amadeu comprovamos nosso álibi e mostramos os pães que ainda estavam no banco traseiro do carro.Seu Amadeu com aquela calma e educação se prontificou em mandar arrumar o jeep e tudo ficou acertado sem maiores consequências. Naquela noite nem fui dormir indo direto para a padaria pois tinha que ir fazer a entrega do pão da madrugada com nossa Kombi que eu dirigia. Bons tempos.Queridos Amadeu e Marizete vocês serão eternos em meu coração.Agradeço a Deus poder ter convivido com vocês.

domingo, 2 de dezembro de 2012

ROTEIRO DA SAUDADE


Naquela dia levantei disposto a percorrer caminhos de minha infância na cidade de Campinas.Após tantos anos resolvi voltar mesmo que por poucas horas aos meus locais de criança, de tantas brincadeiras e artes da idade.Fui direto para Rua Senador Saraiva, em seu primeiro quarteirão onde morei e que foi o único que sobrou com a construção do novo viaduto que foi construído na região.Parei diante de minha casa onde morei e passei dias felizes,já não existe mais, foi demolida e apenas preservaram sua base de pedras vermelhas da parte inferior da fachada e funciona hoje um estacionamento para  carros.Entrei e fui até os fundos do terreno onde existiam o pomar e para minha alegria algumas arvores ainda estavam lá:o imponente abacateiro, minha mangueira de tantas artes, o caquizeiro e num gesto simbólico de gratidão abracei a cada uma delas como se encontra um amigo querido após tantos anos.A rua permanece parada no tempo, suas casas simples com janelas e portas de madeira voltadas para a calçada, sem garagem, permanecem altaneiras, testemunhando uma época e uma geração de pessoas que por ali passaram. Sentei na calçada bem ao lado do poste e um filme começou a passar em minha mente onde durante a noite nos reunimos os amigos para contar estórias,ouvir as novidades e planejar as brincadeiras pois era uma época que a rua era a área de lazer pois não existia televisão, jogos eletrônicos,mas importante é  que existiam pessoas, amizades, fraternidade e muita união entre os moradores do quarteirão.No fundo era como se todos fossem da mesma família.Difícil não se emocionar ao relembrar no local tudo que ali passou.Desci a pé a rua e parei no parquinho construído ao lado do pontilhão, local onde no passado foi a padaria de meu pai e onde nasci e passei parte de minha infância e como nós tantas outras famílias foram desalojadas para dar lugar ao progresso, cada um tomando rumos diferentes de local e vida.Seguindo minha jornada parei defronte minha escola, coração bateu mais forte ao entrar no antigo mas imponente prédio da famosa Escola Rio Branco, antiga Escola Alemã o passado se tornou presente, me vi criança subindo pela primeira vez aquelas escadas para me tornar um cidadão, para receber uma luz que me tiraria das trevas da ignorância.Fui ate a sala da diretoria para pedir autorização para percorrer a escola e para minha surpresa la´estava ela, minha antiga professora Lydia , filha do meu grande mestre Carlos que me alfabetizou.Ao dizer meu nome um abraço forte selou tantos anos passados e as lagrimas se fizeram presente após tantos anos.Me levou em todas as salas de aula me apresentando como ex aluno que um dia também sentou naquelas cadeiras e como homenagem as crianças cantaram algumas canções em português e alemão.Foi um dia para nunca mais ser esquecido, pois por mais experiências que a vida nos ensina e vivenciamos nunca podemos deixar de lembrar e orgulharmos de nossas origens.Com satisfação e orgulho com certeza posso dizer que tive uma infância feliz e procuro passar isto para meus netos agora e para que no futuro quando não mais  aqui estiver  eles possam ler minhas historias e conhecer realmente como viveu seu avô.