Este fato se passou na minha
querida Catanduva há 50 anos atrás ainda quando muitos de vocês nem tinham nascido.O Hotel Acácio era
considerado pelos viajantes da época o melhor da cidade pelo atendimento e pela
deliciosa comida que fornecia, inclusive a famosa bacalhoada de toda sexta
feira, onde vinham pessoas da cidade para se deliciar desta famosa iguaria.Sob
o comando dos queridos Amadeu e Marizete mantinham a tradição de muitos
anos.Carlos Eduardo e eu na época ainda fazíamos cientifico no Barão e era
comum eu passar boa parte de meu tempo no hotel ,não só, pela amizade que nos
unia mas para filar uma boia e para estudar pois era muito querido pela família
Santos.Aconteceu que numa noite estávamos estudando até tarde no hotel e deu
fome e não tinha nada para se comer pois a cozinha já estava fechada e Carlão
resolveu pegar o Sinca de seu Amadeu e fomos até a padaria Belem comprar pão
para fazer uma lanche.O dia estava com uma chuva fina e naquele tempo a Rua
Pará descia e a Delegacia de policia era na Rua Amazonas no final da Rua
Alagoas tendo como delegado o Sr.Emilio Poloni.Voltando ao fato, ao descermos a
Rua Pará, bem na esquina da Rua Alagoas eis que surge o jeep da policia com o
delegado dentro para cruzar nossa frente no sentido da delegacia, e por ser de
madrugada ninguém prestou atenção devida e a batida foi inevitável e o jeep
ficou prensado na árvore com o delegado dentro.Confusão armada, ninguém
habilitado do lado de cá, “di menor”, e o delegado do lado de lá.Desceu furioso
do jeep de revolver na mão já perguntado quem eram nossos pais.Carlão logo
respondeu ser filho do seu Amadeu do Hotel Acácio e eu do seu Vicente da
Padaria Regência.Foi nossa sorte pois eram locais que ele frequentava na sexta
feira para comer a bacalhoada do hotel e na padaria gostava de passar para
comprar paes e doces e tomar um choop.Pelo radio da viatura mandou chamar seu
Amadeu no local para conversar.Isto tudo acontecendo na esquina de baixo de
minha casa.Com a chegada de seu Amadeu comprovamos nosso álibi e mostramos os
pães que ainda estavam no banco traseiro do carro.Seu Amadeu com aquela calma e
educação se prontificou em mandar arrumar o jeep e tudo ficou acertado sem
maiores consequências. Naquela noite nem fui dormir indo direto para a padaria
pois tinha que ir fazer a entrega do pão da madrugada com nossa Kombi que eu
dirigia. Bons tempos.Queridos Amadeu e Marizete vocês serão eternos em meu
coração.Agradeço a Deus poder ter convivido com vocês.
domingo, 16 de dezembro de 2012
domingo, 2 de dezembro de 2012
ROTEIRO DA SAUDADE
Naquela dia levantei disposto a percorrer caminhos de minha infância na cidade de Campinas.Após tantos anos resolvi voltar mesmo que por
poucas horas aos meus locais de criança, de tantas brincadeiras e artes da
idade.Fui direto para Rua Senador Saraiva, em seu primeiro quarteirão onde
morei e que foi o único que sobrou com a construção do novo viaduto que foi
construído na região.Parei diante de minha casa onde morei e passei dias
felizes,já não existe mais, foi demolida e apenas preservaram sua base de
pedras vermelhas da parte inferior da fachada e funciona hoje um estacionamento
para carros.Entrei e fui até os fundos
do terreno onde existiam o pomar e para minha alegria algumas arvores ainda estavam
lá:o imponente abacateiro, minha mangueira de tantas artes, o caquizeiro e num
gesto simbólico de gratidão abracei a cada uma delas como se encontra um amigo
querido após tantos anos.A rua permanece parada no tempo, suas casas simples
com janelas e portas de madeira voltadas para a calçada, sem garagem,
permanecem altaneiras, testemunhando uma época e uma geração de pessoas que por
ali passaram. Sentei na calçada bem ao lado do poste e um filme começou a
passar em minha mente onde durante a noite nos reunimos os amigos para contar
estórias,ouvir as novidades e planejar as brincadeiras pois era uma época que a
rua era a área de lazer pois não existia televisão, jogos eletrônicos,mas
importante é que existiam pessoas,
amizades, fraternidade e muita união entre os moradores do quarteirão.No fundo
era como se todos fossem da mesma família.Difícil não se emocionar ao relembrar
no local tudo que ali passou.Desci a pé a rua e parei no parquinho construído
ao lado do pontilhão, local onde no passado foi a padaria de meu pai e onde
nasci e passei parte de minha infância e como nós tantas outras famílias foram
desalojadas para dar lugar ao progresso, cada um tomando rumos diferentes de
local e vida.Seguindo minha jornada parei defronte minha escola, coração bateu
mais forte ao entrar no antigo mas imponente prédio da famosa Escola Rio
Branco, antiga Escola Alemã o passado se tornou presente, me vi criança subindo
pela primeira vez aquelas escadas para me tornar um cidadão, para receber uma
luz que me tiraria das trevas da ignorância.Fui ate a sala da diretoria para
pedir autorização para percorrer a escola e para minha surpresa la´estava ela,
minha antiga professora Lydia , filha do meu grande mestre Carlos que me
alfabetizou.Ao dizer meu nome um abraço forte selou tantos anos passados e as
lagrimas se fizeram presente após tantos anos.Me levou em todas as salas de
aula me apresentando como ex aluno que um dia também sentou naquelas cadeiras e
como homenagem as crianças cantaram algumas canções em português e alemão.Foi
um dia para nunca mais ser esquecido, pois por mais experiências que a vida nos
ensina e vivenciamos nunca podemos deixar de lembrar e orgulharmos de nossas
origens.Com satisfação e orgulho com certeza posso dizer que tive uma infância
feliz e procuro passar isto para meus netos agora e para que no futuro quando
não mais aqui estiver eles possam ler minhas historias e conhecer
realmente como viveu seu avô.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
MINHA MAE
Difícil falar de mãe pois por mais palavras que tenta
encontrar para falar sobre ela nunca encontrará todas que a completem.Minha mãe
era linda, clara de olhos claros, meiga e de uma bondade com carinho constante
para toda sua família.Filha de família numerosa criada em zona rural na cidade
de Souzas fez como a maioria de sua época ensino fundamental mas a educação
recebida e seu caráter a transformou em uma mulher de muita fibra, dedicada a
família e tinha sempre uma palavra amiga e carinhosa para convencer as
pessoas.Me lembro pequeno, arteiro, que gostava de brincar na rua como toda
criança da época sempre voltava muito sujo para casa e ela com toda paciência,
no banho me dava conselhos de comportamento e da importância de ser educado com
as pessoas.Sem duvida era a criança mais arteira do quarteirão, mas sentia ser
muito querido pois tratava a todos com muita educação.As reclamações que
chegavam em casa era sempre por arte e nunca por faltar a educação com alguém e
era isto que a diferenciava.Nunca recebia castigo ou mesmo palmadas mas com
muita conversa conseguia me dominar e estava sempre me defendendo quando as
situações ficavam mais aflitivas.Mesmo não tendo oportunidade de estudar
orientava os filhos que este era o caminho para poder mudar de vida, e escolher
seu futuro.Acompanhava meus estudos e mesmo quando as notas não vinham de
acordo sempre tinha uma palavra de incentivo e conseguia falar pouco nas horas
certas.Quando moço sentia seu orgulho em saber que estava conseguindo atingir
meus sonhos mesmo aflita não transparecia quando segui a carreira de Piloto Agrícola.Acho
que suas preces de mãe sempre me protegeram.Quando depois de muitos anos resolvi mudar o rumo de minha vida estava lá
ela mais uma vez me incentivando e seu orgulho foi enorme quando ingressei na
Faculdade de Medicina.Não esquecerei nunca de seu sorriso e de abraço no dia de
minha formatura e suas presença na festa de formatura, mesmo já com inicio de
problemas de saúde era a mais bela do Baile.Foi a ultima vez que vi meus pais
dançarem juntos com tanta felicidade
Na data de hoje, alguns anos atrás ela se foi, deixando um
vazio imenso, saudade eterna e uma lição de vida.Obrigado meu Deus por ter me
enviado ela como minha mãe.
Obrigado
sábado, 29 de setembro de 2012
DIA DE FURIA EM CATANDUVA
Todo comando
de produção de geração e distribuição de
energia elétrica em Catanduva pertencia
a família Estefano, tendo como patriarca José Estefano, tio de Paulo
Maluf.Ocupava um quarteirão quadrado entre as rua Sergipe, Amazonas,Alagoas e
Pará bem no centro da cidade.Minha família morava na esquina da Rua Pará com
Sergipe,bem defronte ao portão principal de entrada do pátio de serviço da
Empresa.Todo quarteirão era ocupado pelos escritórios, pátio de serviço e ao
fundo a mansão do proprietário, riquíssima em arquitetura e luxo.Já há tempos
vinham prestando um serviço de baixa qualidade, preços elevados e faltas
constantes de energia elétrica. Iniciou se na cidade uma onde de
descontentamento e protesto quanto a qualidade do serviço mas nada era feito
para se corrigir esta falha uma vez que os proprietários moravam no Guarujá e
São Paulo e pouco vinham para Catanduva tendo um gerente para administrar tudo.Certo
dia ninguém sabe ao certo como tudo começou, um grupo de pessoas que estavam no
café da esquina resolveram em um grupo se dirigir até a sede da empresa para
fazer um protesto e de uma manifestação que era para ser pacifica evolui para
apedrejamento das janelas da empresa. A policia foi chamada pois ficava a um
quarteirão dali, mas o efetivo era baixo e por despreparo de um policial , deu
um tiro para assustar os participantes e esta bala perdida foi atingir uma
pessoa que passava pela Rua Brasil , a um quarteirão dali e morreu. Foi o
estopim de uma grande revolta. A massa popular que se formou em pouco tempo foi
enorme,chamaram reforço policial de Rio Preto, e o povo na sua fúria arrancaram
com as mãos o portão de ferro de Empresa que ficava defronte de minha casa.Se
ouviam tiros vindo lá de dentro da Empresa para intimidar os manifestantes mas
o apedrejamento se intensificou e a situação estava ficando fora de controle
pois havia o desejo de se queimar tudo e lá dentro tinha deposito de
combustível que poderia ocorrer uma tragédia se isto acontecesse.Chegou reforço
policial de Rio Preto e o confronto se ampliou.O capitão da corporação
corajosamente sem arma se dirigiu em direção ao grupo principal de
manifestantes e iniciou um dialogo e ali mesmo decidiu que daria 15 minutos
para que a população entrasse no recinto par quebrar tudo, preservando a casa
sede e não colocando fogo em nada e depois iriam todos para casa
pacificamente.Assim foi feito e a quebradeira foi geral,saques foram feitos,
viam se rolos de fios serem arrastados pela rua, moveis quebrados,veículos
tombados, atos de fúria nunca antes acontecidos na cidade. Ao mesmo tempo eu
tudo isto acontecia outro grupo se dirigiu até a farmácia do Prefeito e ateou
fogo nela e na casa do delegado. Passado o prazo dado pela policia os
manifestantes se retiraram do local e a policia fez a segurança do local. No
dia seguinte era possível ver a intensidade deste episodio com destruição total
da Empresa. Só preservaram a mansão sede o resto foi tudo destruído. Foi uma
noite de fúria jamais vista em uma cidade de população pacata e ordeira.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
LIÇÃO DE CARATER
Educação se faz com exemplos dentro de casa e o caráter se consolida por atitudes do seu dia a dia.Fui criado em um ambiente onde parâmetros de caráter e conduta com o próximo sempre andavam juntas e com orgulho posso dizer que o maior patrimonio que um pai pode passar para seus filhos são os estudos e um nome honrado.volto no tempo e me recordo de uma passagem com meu pai em Catanduva. Tinha adquirido um predio comercial na rua central da cidade onde iria construir uma nova padaria e o negocio foi fechado com uma entrada em dinheiro e o restante em 24 pr3estações mensais com o vendedor que possuía uma loja de moveis no final da rua.Passados 30 dias deste negocio uma fatalidade se abateu na casa de moveis que foi atingida por um incêndio, que rapidamente se alastrou pois a cidade não possuía Corpo de Bombeiros e o socorro deveria vir de São José do Rio Preto a 54 Km e quando eles chegaram já estava tudo destruído..Me recordo da angustia e da tristeza de seu Irani de ver todo seu patrimônio que levou anos para construir se acabava em poucos minutos, tudo reduzido a cinzas. Do outro lado da calçada meu pai e eu acompanhávamos tudo e quando tudo se acalmou meu pai chamou seu Irani e lhe perguntou onde estavam as promissórias da compra do prédio. Sua resposta foi seca vindo do fundo de seu coração:"Se perdeu tudo no fogo"respondeu lhe então meu pai:"Passe amanhã cedo na padaria para fazermos todas elas de novo" .Naquela época bastava apenas a palavra empenhada para se cumprir um compromisso. Passado um tempo, Sr Irani confessou a meu pai que ele foi o único que reconheceu sua divida, todos demais não o procuraram para acertar seus débitos. Foi trabalhar como empegado em outra loja de moveis pois não tinha mais capital suficiente para um novo negocio. Este era meu pai, um homem de palavra, trabalho e caráter que me deixou lições de vida e de conduta e sempre que vinha almoçar em minha casa inciava antes com um Prece de Caritas.Toda Segunda feira quando fazemos Evangelho no Lar encerro com esta prece mentalizando sua presença no outro lado da mesa e tenho a certeza que junto com minha mãe estão em um local de muita luz.Meu pai , meu herói
domingo, 2 de setembro de 2012
MEUS 67 ANOS
Hoje é o dia de meu aniversario,2 de setembro.Acordei na
madrugada e não mais consegui dormir. São 3:40 hs da manha e ainda na cama
comecei a fazer uma retrospectiva de meu passado, da infância até os dias de
hoje.De inicio veio as lembranças de minha infância em Campinas onde nasci, das
minhas artes de criança, da minha Escola Rio Branco onde fui alfabetizado pelo
meu querido mestre Carlos Cristovan Zink, do Liceu Salesiano onde fiz meu curso
ginasial e quando aos 14 anos nos mudamos para Catanduva onde meu pai comprou
lá a Padaria Regência, onde seria na verdade meu primeiro emprego.Com 15 anos
já entregava o pão da madrugada com minha saudosa caminhonete Studbeiker na
qual aprendi dirigir e durante o dia estudava no Barão do Rio Branco, escola
publica de qualidade, com professores de alto conhecimentos e bem
remunerados.Foi naquela época que
iniciei meus cursos de aviação, minha grande paixão, iniciando como piloto
privado, comercial e finalmente Piloto Agrícola, fazendo parte da primeira
turma do CAVAG formada no Brasil com o Brevet de numero 22, na Fazenda Ipanema
em Sorocaba.Trabalhei inicialmente no Rio Grande do Sul pulverizando lavouras de arroz ,bananas no
Vale do Paraiba, Algodão em, MatoGrosso e Goias Já adolescente comecei a cursar
faculdade de Economia em São José do Rio Preto e saiamos de ônibus as 6:30 hs
da tarde e voltávamos as 11:00 hs da noite por um período de 4 anos.Nos finais
de semana fazia o curso de Paraquedismo
em Rio Preto e praticava muito esporte, sendo jogador do time oficial da cidade
o Cruzeiro Cestobol Clube.Depois de formado fui trabalhar em São Paulo na
Uninvest, Pfizer e Ciba-Geigy isto por um período de 8 anos quando então
resolvi fazer medicina ingressando na FAMECA, já casado e pai de 3 filhos onde me
formei em 1982 completando este ano 30 anos de formado.Me vem a mente meu
primeiro dia como Residente em Ortopedia na Santa Casa de Ribeirão Preto no serviço
do Dr Tarquinio exatamente no dia 31 de dezembro de 1982 e após 2 anos retornei
para Catanduva onde trabalhei nesta área por 20 anos, com vários cursos de
especialização no Brasil e exterior solidificando minha profissão. Neste
período momentos de felicidade,momentos de decepções, mas sempre persistindo
com esperança e trabalho, fases de aprendizado e acredito de evolução
espiritual. Me mudei depois para Ribeirão Preto voltando a trabalhar na Santa
Casa como ortopedista e prestei posteriormente concurso na Prefeitura
trabalhando em plantões na Distrital Norte, Simioni e atualmente na UBS da Vila
Albertina. Com algumas intercorrencias de saúde, filhos já criados e cada um
cuidando de sua vida a seu modo, resolvi puxar um pouco o freio de mão da vida,
alternando trabalho com viagens, fazendo meu hobby construindo carros replicas
antigos, triciclos e escrevendo contos
despretensiosos para que no futuro meus netos tenham um pouco da estória de seu
avô.Só tenho que agradecer a Deus o muito que recebi, os amigos conquistados, a
família que me completa e o entusiasmo que recebo para seguir em frente no
trabalho.
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