domingo, 2 de dezembro de 2012

ROTEIRO DA SAUDADE


Naquela dia levantei disposto a percorrer caminhos de minha infância na cidade de Campinas.Após tantos anos resolvi voltar mesmo que por poucas horas aos meus locais de criança, de tantas brincadeiras e artes da idade.Fui direto para Rua Senador Saraiva, em seu primeiro quarteirão onde morei e que foi o único que sobrou com a construção do novo viaduto que foi construído na região.Parei diante de minha casa onde morei e passei dias felizes,já não existe mais, foi demolida e apenas preservaram sua base de pedras vermelhas da parte inferior da fachada e funciona hoje um estacionamento para  carros.Entrei e fui até os fundos do terreno onde existiam o pomar e para minha alegria algumas arvores ainda estavam lá:o imponente abacateiro, minha mangueira de tantas artes, o caquizeiro e num gesto simbólico de gratidão abracei a cada uma delas como se encontra um amigo querido após tantos anos.A rua permanece parada no tempo, suas casas simples com janelas e portas de madeira voltadas para a calçada, sem garagem, permanecem altaneiras, testemunhando uma época e uma geração de pessoas que por ali passaram. Sentei na calçada bem ao lado do poste e um filme começou a passar em minha mente onde durante a noite nos reunimos os amigos para contar estórias,ouvir as novidades e planejar as brincadeiras pois era uma época que a rua era a área de lazer pois não existia televisão, jogos eletrônicos,mas importante é  que existiam pessoas, amizades, fraternidade e muita união entre os moradores do quarteirão.No fundo era como se todos fossem da mesma família.Difícil não se emocionar ao relembrar no local tudo que ali passou.Desci a pé a rua e parei no parquinho construído ao lado do pontilhão, local onde no passado foi a padaria de meu pai e onde nasci e passei parte de minha infância e como nós tantas outras famílias foram desalojadas para dar lugar ao progresso, cada um tomando rumos diferentes de local e vida.Seguindo minha jornada parei defronte minha escola, coração bateu mais forte ao entrar no antigo mas imponente prédio da famosa Escola Rio Branco, antiga Escola Alemã o passado se tornou presente, me vi criança subindo pela primeira vez aquelas escadas para me tornar um cidadão, para receber uma luz que me tiraria das trevas da ignorância.Fui ate a sala da diretoria para pedir autorização para percorrer a escola e para minha surpresa la´estava ela, minha antiga professora Lydia , filha do meu grande mestre Carlos que me alfabetizou.Ao dizer meu nome um abraço forte selou tantos anos passados e as lagrimas se fizeram presente após tantos anos.Me levou em todas as salas de aula me apresentando como ex aluno que um dia também sentou naquelas cadeiras e como homenagem as crianças cantaram algumas canções em português e alemão.Foi um dia para nunca mais ser esquecido, pois por mais experiências que a vida nos ensina e vivenciamos nunca podemos deixar de lembrar e orgulharmos de nossas origens.Com satisfação e orgulho com certeza posso dizer que tive uma infância feliz e procuro passar isto para meus netos agora e para que no futuro quando não mais  aqui estiver  eles possam ler minhas historias e conhecer realmente como viveu seu avô.

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