Conheci Lucinho em uma viagem de férias. Morava em Campinas
onde meus pais tinham uma padaria e todas nossas férias escolares eram passadas
em Catanduva na casa de minha tia Olímpia, irmã de minha mãe e meu tio Eliseu.Era uma festa ir para Catanduva pois íamos de
trem, tinha briga para sentar na janelinha para observar a paisagem e minha mãe
com muita paciência e sabedoria fazia o controle dos horários para isto.Meus
tios moravam em uma casa de fundos na Rua Bahia, bem no centro da cidade e na
casa da frente moravam seu Lucio e Dona Orcina, pessoas fantásticas, boníssimas
e que nos trataram como filhos igual aos que já tinham. Lucinho tinha minha
idade e naquele mesmo dia nos tornamos amigos.Saimos todos os dias para pescar
lambari no rio São Domingos que atravessava a cidade e todas as vezes trazíamos
uma quantidade enorme de peixes tamanha era a fartura que aquele rio
propiciava.Suas margens ficava repleta de pescadores e todos saiam sempre com
muito peixe. Foi neste clima que fomos crescendo Lucinho e eu.Na mocidade
Lucinho se tornou campeão de natação com vários títulos paulistas e nacionais,
destacando o nome de Catanduva nesta área esportiva.Tinha um porte atlético
maravilhoso, extrovertido e alegre conquistava a todos inclusive as garotas da
cidade que caiam de amores por ele.As pescarias deram lugar a outros tipos de
passeios mais nossa amizade sempre muito forte era irreversível.Seu pai Lucio
tinha um laboratório de anestésicos odontológicos e como sonho ter seus filhos
Lucinho e Roberto tomando conta dele no futuro, mas Lucinho resolveu ser
técnico de natação da Recreativa e veio morar em Ribeirão, já casado naquela
época com uma moça de família tradicional de Catanduva.Naquela época eu trabalhava na Pfizer e viajava muito e em
uma destas viagens a Catanduva nunca deixei de visitar Lucio e Orcina que me
tratavam como filho.Lucio naquele dia abriu seu coração de sua tristeza de não
ter seu filho Lucinho ao seu lado na laboratório uma vez que Roberto era ainda
pequeno para comandar os negocio apesar de já estar sendo preparado para
isto.Me pediu para que eu trouxesse de volta seu filho Lucinho para Catanduva
para trabalharem juntos e ali selamos um trato, traria Lucinho para comandar a
parte comercial e seu Lucio ficaria com o controle da produção.O italianão de
coração gigante cedeu e lá fui eu para Ribeirão para trazer Lucinho de volta.Jantei
com Lucinho e esposa naquela noite e fiz a proposta, todos choramos pois
sabíamos o que estava acontecendo e em uma semana Lucinho estava de volta.A
família novamente reunida. E os galos de briga onde entra nesta estória?
Lucinho era apaixonado por galos de briga e tinha uma
criação enorme a qual dedicava um bom tempo, inclusive da família a ponto de sua esposa ficar com ciúmes e
dizer que gostava mais de ficar com os galos que em casa.Começou a criar um
problema familiar.Em uma das visitas que fiz a ele me contou que precisava
ampliar o laboratório com novas maquinas e que os bancos não estavam
emprestando dinheiro e tinha conseguido empréstimo com seu sogro para este fim
mas com uma condição de acabar com os galos. Queria meu conselho.Sugeri então
que contratasse uma sitio na região, levasse todos seus galos para lá,
emprestasse o dinheiro do sogro e quando acabasse de pagar sua divida ele iria
lá buscar seus galos de volta.Lembro de seu abraço e de sua alegria pela ideia
e assim foi feito.Ampliou o laboratório , em menos de 10 meses devolveu o
dinheiro emprestado de seu sogro e voltou para buscar seus galos de briga. Este
era Lucinho , amante de animais, alegre , extrovertido, atualmente morando em
outro Estado muito longe, deixando saudades enquanto aguardamos sua volta.
Lucinho meu amigo de coração, forte abraço com muita paz e
saude
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