Mais uma manhã de sol, dia propicio para mais artes e
brincadeiras de rua. A infancia era toda feita de brincadeiras na rua com
outras crianças, pois não existia na época
brinquedos a não ser os feitos
por nós com muita criatividade, futebol era jogado descalço com bola de pano,
traves de tijolos e muito dedão sangrando de chutar o chão.sarrinho de sebo em
madeira , patinete, aro para rodar arame, estilingue, pião ,jogar bolinha de
gude,colecionar e jogar “bafo” com figurinhas, fazer Judas com panos e serragem
para amarrar no poste e depois malhar.
Deitado no chão da área da casa ficava a observar as nuvens
e a ver imagens que se formavam em minha imaginação, com movimentando pelos
ventos.
Pouco sabemos sobre tempo, mas o tempo sabia muito que o que
estava sendo preparado para nós.Resolvi passar na casa do amigo Tato para
brincar na rua e fazer artes de crianças. No inicio da rua ficava a linha do
trem em direção a estação central e as casas eram muito próximas uma da outra,
de construções antigas onde as portas e
as janelas de madeiras davam direto para a rua, a maioria sem alpendre, mas com
eira e beira. Existia no quarteirão uma casa muito bonita onde morava um casal
sem filhos, ele aposentado da Ferrovia pouco saia de casa, casa essa que tinha
um belo e bem cuidado jardim protegido por uma grade toda em ferro com detalhes artísticos.Na curiosidade de
criança para observar o jardim mais
de perto
, coloquei a cabeça por entre as grades para pegar uma flor e para minha
surpresa e desespero cabeça não saiu. Por mais que eu tentasse não conseguia
sair mais, e vendo a coisa ficar feia, Tato foi chamar ser pai Pepinão que era
sapateiro e trabalhava em sua casa. Com seus quase 2 m de altura, teve a idéia
de ir me levantando para ver se conseguia tirar minha cabeça por algum espaço
da grade. Tudo em vão.
O desespero era visível no meu rosto, vermelho, suado, olhos
esbugalhados, de quatro e cabeça entalada na grade. Em pouco tempo uma grande
roda de italianada da rua já se formava ao meu redor, cada qual com sua opinião
de como me tirar de lá, e nesta altura já tinha chegado meu de cinta na mão
para me dar uma sova pela arte eu todo entalado de bunda para cima no jeito
para levar umas lambadas. Mas foi contido pela italianada que gostava muito de
mim apesar de todas as travessuras, pois cantava para eles musicas italianas
tocando um pandeiro que tinha ganho de minha tia Lucia.
Pensava com meus botões, se a cabeça entrou porque não quer
sair, tem que ter um jeito, e as horas passando e o alvoroço na rua já estavam grande,
todos falando ao mesmo tempo.
Afinal veio a solução, serrar as grades para me desentalar e
depois ficar com o prejuízo de mandar consertar tudo de novo.
Ficou a lição: Antes de entrar em uma aventura, veja
primeiro se a porta de saída não é estreita.
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