quinta-feira, 19 de julho de 2012

A GRADE


Mais uma manhã de sol, dia propicio para mais artes e brincadeiras de rua. A infancia era toda feita de brincadeiras na rua com outras crianças, pois não existia na época  brinquedos a não ser  os feitos por nós com muita criatividade, futebol era jogado descalço com bola de pano, traves de tijolos e muito dedão sangrando de chutar o chão.sarrinho de sebo em madeira , patinete, aro para rodar arame, estilingue, pião ,jogar bolinha de gude,colecionar e jogar “bafo” com figurinhas, fazer Judas com panos e serragem para amarrar no poste e depois malhar.
Deitado no chão da área da casa ficava a observar as nuvens e a ver imagens que se formavam em minha imaginação, com movimentando pelos ventos.
Pouco sabemos sobre tempo, mas o tempo sabia muito que o que estava sendo preparado para nós.Resolvi passar na casa do amigo Tato para brincar na rua e fazer artes de crianças. No inicio da rua ficava a linha do trem em direção a estação central e as casas eram muito próximas uma da outra, de construções antigas onde  as portas e as janelas de madeiras davam direto para a rua, a maioria sem alpendre, mas com eira e beira. Existia no quarteirão uma casa muito bonita onde morava um casal sem filhos, ele aposentado da Ferrovia pouco saia de casa, casa essa que tinha um belo e bem cuidado jardim protegido por uma grade toda em ferro  com detalhes artísticos.Na curiosidade de criança para observar o jardim  mais de  perto  , coloquei a cabeça por entre as grades para pegar uma flor e para minha surpresa e desespero cabeça não saiu. Por mais que eu tentasse não conseguia sair mais, e vendo a coisa ficar feia, Tato foi chamar ser pai Pepinão que era sapateiro e trabalhava em sua casa. Com seus quase 2 m de altura, teve a idéia de ir me levantando para ver se conseguia tirar minha cabeça por algum espaço da grade. Tudo em vão.
O desespero era visível no meu rosto, vermelho, suado, olhos esbugalhados, de quatro e cabeça entalada na grade. Em pouco tempo uma grande roda de italianada da rua já se formava ao meu redor, cada qual com sua opinião de como me tirar de lá, e nesta altura já tinha chegado meu de cinta na mão para me dar uma sova pela arte eu todo entalado de bunda para cima no jeito para levar umas lambadas. Mas foi contido pela italianada que gostava muito de mim apesar de todas as travessuras, pois cantava para eles musicas italianas tocando um pandeiro que tinha ganho de minha tia Lucia.
Pensava com meus botões, se a cabeça entrou porque não quer sair, tem que ter um jeito, e as horas passando e o alvoroço na rua já estavam grande, todos falando ao mesmo tempo.
Afinal veio a solução, serrar as grades para me desentalar e depois ficar com o prejuízo de mandar consertar tudo de novo.
Ficou a lição: Antes de entrar em uma aventura, veja primeiro se a porta de saída não é estreita.

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