quinta-feira, 19 de julho de 2012

A GRANDE VITORIA


                                            A GRANDE VITORIA

Naquele domingo a cidade amanheceu em festa.. Era o grande dia para a população que aguardava há anos a realização de um grande sonho. As cores vermelho e branco do Grêmio Catanduvense já se via por todos os lados e nos rostos a expressão de esperança para conquistar o titulo de campeão e subir para a divisão especial, a elite do futebol paulista.O jogo estava marcado para as 16 hs no estádio Silvio Sales, contra o Rio Preto, com casa lotada, pois todos ingressos já tinham sido vendidos com antecedência.Como fazia em todos os jogos vesti a mesma roupa que usei pela primeira vez no primeiro jogo do time contra o Linense na cidade de Lins e saímos vitoriosos e por superstição o técnico Urubatão me disse que queria que em todos os jogos do Grêmio eu teria que vestir aquela roupa.Pela vibração da torcida podia sentir toda sua energia quando o time entrou em campo, era uma festa só com bateria de fogos e muita vibração no estádio. Teve inicio o jogo e como era esperado, tenso e difícil, as jogadas se sucediam e nada de acontecer o nosso gol. Momento de grande tensão aconteceu nos meados do primeiro tempo quando nosso atacante Roberto Carlos foi escandalosamente derrubado dentro da área e o juiz não marcou pênalti a nosso favor. Começava ali mais uma desconfiança que o juiz estaria contra nosso time e corrido a terrível mala pretas em favor do Taubaté que teria que jogar com o Comercial em Ribeirão Preto e vencer por uma diferença de 6 gols. Faltando poucos minutos do final do primeiro tempo nosso atacante sofre falta violenta e ao examiná-lo constatei uma fratura de clavícula esquerda. Teria que ser substituído o nosso melhor jogador mas me pediu para aguardar o termino do primeiro tempo., e assim foi feito. Já nos vestiários, chorando me disse que não queria ficar fora desta final, era o grande jogo e o grande sonho da vida dele, que eu o ajudasse nisso.Decisão difícil para se tomar pois a fratura causava dor e seria fator limitante para o jogo.Mais uma vez ele me rogou para jogar, e falou mais alto os bastidores do futebol. Apliquei anestésico no foco da fratura e imobilizei o local com esparadrapo estabilizando o local e fiz um acordo com ele para que marcasse um gol e seria substituído. Reinicio do segundo tempo, jogo difícil e truncado e eis que num lançamento para nosso ponta Claudinho correndo ombro a ombro com adversário acertou no ângulo um chute fora da área, um gol maravilhoso para delírio da plateia, mas que virou revolta em segundos pois foi anulado pelo juiz alegando falta de nosso atacante.Naquele momento já era certeza a mala preta, pois o Taubaté já estava vencendo o Comercial por diferença de 6 gols e dava a ele o titulo caso houvesse empate em Catanduva.. O jogo já estava em 40 minutos do segundo tempo e nada de nosso gol. A angustia começou a tomar conta do estádio. O Grêmio atacando e o Rio Preto se defendendo e nada de sair o gol. Escanteio a nosso favor. Claudinho cobrou dentro da área a bola ia em direção ao zagueiro do  Rio Preto que furou e a redonda sobrou nos pés de Roberto Carlos que fez o mais lindo gol de sua carreira, o gol do jogo, dos sonhos, da vitoria.saiu correndo, comemorando e agitando os braços no ar, esquecendo de sua fratura. Este não teve como o juiz anular. Grêmio 1 x 0. Era o gol do titulo. O estádio todo de pé em festa aguardando o apito final e  quando ele veio a apoteose tomou conta do local.Fui dar minhas três cambalhotas dentro da área e comemorar muito com todos atletas e comissão técnica.A cidade estava em festa, povo nas ruas, e nós desfilando em carro aberto do Corpo de Bombeiros,todos comemorando aquele grande dia.
Cumpro minha promessa de nunca mais entrar em um campo de futebol para assistir a uma partida  de futebol e naquele domingo de 1988 foi meu ultimo jogo e que perdura até hoje em 2011.

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